quarta-feira, março 10, 2010

Obesidade

Dicas pra evitá-la ou tratá-la (inclusive com cirurgia bariátrica)

Muito se fala em obesidade e não é para menos: ela é um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. No Brasil, estima-se que 3% da população sofram de obesidade mórbida - mais de 3,7 milhões de pessoas. Se considerados também os brasileiros maiores de 18 anos com obesidade leve, moderada ou com sobrepeso, o número chega a 84.373.180 pessoas com problemas sérios com a balança, segundo a pesquisa Obesidade 2007, realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em 4.223 municípios. "O Brasil que é obeso é maior do que o Brasil que tem fome", constata Marcos Giansante, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Por isso, nunca é demais tocar no assunto (e trazer as novidades para quem sofre com esta enfermidade).

Para começar, é preciso saber que a obesidade é uma doença crônica que acompanha a pessoa pelo resto da vida, representada pelo acúmulo de gordura que ultrapassa os limites estruturais e físicos do corpo. "Está fortemente relacionada à transmissão genética, ou seja, é transmitida de pais para filhos. Frequentemente é desencadeada por doenças psicológicas, como ansiedade e compulsão alimentar, estando também associada a metabolismo mais lento", explica Giansante.

Mas, como se explica o "boom" da obesidade na atualidade? Giansante garante que há diversos fatores que colaboram para isto. "O nosso código genético é o mesmo do homem das cavernas, porém as realidades de vida são muito diferentes. Naquela época a busca diária por água e alimentos, bem como conseguir fugir dos predadores, significava continuar vivo. Encontrar o que comer era uma possibilidade às vezes difícil e eles se submetiam a longos períodos de jejum, sendo que, sobreviver a isto, representava a grande preocupação do nosso metabolismo. Por isto o metabolismo humano apresenta características fortemente ligadas ao acúmulo de reserva de energia, principalmente na forma de gordura. Não existe um mecanismo regulador que determine acumular menos. O instinto de sobrevivência do nosso metabolismo até os dias de hoje sempre vai determinar acumular o máximo de gordura possível", detalha. "A civilização trouxe o sedentarismo, com uma queda expressiva do nosso consumo de energia. Os processos de industrialização, automação, comunicação expressa, responsabilidade civil e metas a cumprir colaboraram com a desestruturação emocional progressiva e o surgimento de doenças como stress, ansiedade, compulsão alimentar, depressão, todas muito relacionadas com o aumento abusivo da ingestão de alimentos. A associação destes e outros fatores vêm determinando um aumento explosivo e galopante da doença obesidade".

Infelizmente, a obesidade não tem cura. Mas ser portador de obesidade não significa permanecer para sempre acima do peso. "A doença pode ser controlada e deixar de se manifestar, desde que o paciente se mantenha em tratamento e controle periódicos", garante o especialista. "Devemos considerar que todos os tratamentos disponíveis não conduzem diretamente ao emagrecimento. São apenas ferramentas que quando bem utilizadas conduzem a um processo de adaptação da alimentação e esta adaptação é que cria o controle da doença, ou seja, o emagrecimento".

Ferramentas disponíveis:
-Orientação e reeducação alimentar associada a um plano de atividades físicas.
-Remédios para inibir o apetite e controlar a ansiedade (sob controle médico).
-Acompanhamento psicológico.
-Tratamento cirúrgico.

"Todos representam um caminho possível para o controle da doença e a cirurgia é indicada quando todas as alternativas de tratamento clínico fracassaram", alerta o médico.

A cirurgia bariátrica funciona basicamente por dois princípios:
-Promove uma diminuição do reservatório gástrico (redução do estômago) levando à saciedade precoce, ou seja, você vai comer pouco e vai se sentir satisfeito.
-As alterações feitas no intestino conduzem a mudanças no metabolismo que promovem, entre outras coisas, o aumento do metabolismo basal (tendência a queimar mais calorias), inibição do apetite e estímulo para melhorar o funcionamento do pâncreas, com possibilidade de facilitar o controle do diabetes.

"Os candidatos à cirurgia são os pacientes portadores de obesidade severa, mórbida ou superobesidade (vide tabela) que não tiveram sucesso com tratamento clínico", diz.

Os riscos existem, mas a melhora progressiva dos equipamentos anestésicos e cirúrgicos, bem como a capacitação das equipes, torna o procedimento mais seguro. "A melhor maneira de evitar as complicações é realizar uma boa preparação, obedecendo todas as orientações da equipe multidisciplinar e manter o mesmo acompanhamento depois da cirurgia".

Ainda pensando nos riscos, as estatísticas comprovam que os pacientes que apresentam indicação cirúrgica e não são operados têm uma taxa de mortalidade maior que os pacientes que se submetem à cirurgia.

Para saber o seu índice de massa corpórea (IMC), faça o seguinte cálculo: multiplique sua altura por sua altura (em metros). Depois, divida o seu peso (em kg) pelo resultado da multiplicação da sua altura. Ex.: uma pessoa tem 1,60m e pesa 68kg. Então será 1,60 x 1,60 = 2,56. Depois, 68 / 2,56 = 26,56. Agora, olhe na tabela abaixo. No nosso exemplo, a pessoa está entre 25 e 30, ou seja, com sobrepeso.

IMC (Kg/m2)

CLASSIFICAÇÃO

até 20

Abaixo do Peso

20 a 25

Peso Ideal

25 a 30

Sobrepeso

30 a 35

Obesidade Moderada

35 a 40

Obesidade Severa

40 a 50

Obesidade Mórbida

> 50

Super Obesidade

Mas não se iluda: a cirurgia é muito eficiente não porque leva diretamente ao emagrecimento, mas sim porque é uma "ferramenta" que torna mais fácil você se alimentar corretamente e a partir disto emagrecer. Mesmo depois da cirurgia é preciso fazer o controle rigoroso da alimentação.

É importante lembrar que a obesidade, quando não tratada, existe uma tendência a progredir, comprometendo o organismo como um todo e se associando a outras doenças graves, como problemas cardíacos, hipertensão arterial, AVC (derrame), diabetes, artroses. "Uma pessoa que esteja 20% acima do seu peso ideal provavelmente já irá apresentar problemas e acumular doenças. Na verdade, além da perda de qualidade de vida, existe uma grande diminuição do tempo de vida esperado para estas pessoas", afirma Giansante.

E mais: é possível evitar a obesidade. Mas, lembre-se, não há fórmula milagrosa, mas sim algumas orientações que podem ajudar:
-Procure entender os estímulos neurotizantes da nossa convivência com a civilização moderna para ser menos agredido por ela. Não deixe que alterações emocionais lhe encaminhem para a compulsão alimentar. Procure ajuda psicológica se necessário.
-Atividade física é um requisito considerado obrigatório pelo nosso código genético, portanto não temos alternativa senão praticar alguma atividade física regularmente.
-Se alimente com critério e, aos primeiros sinais de descontrole do peso, procure ajuda médica e da nutricionista.

Agradecimento - Marcos Giansante, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e sócio diretor da Clinica DB Saúde - www.dbsaudecirurgia.com.br e giansante@dbsaudecirurgia.com.br

Para saber mais - A equipe médica e multidisciplinar da Clínica DB Saúde realizará gratuitamente durante o ano um ciclo de palestras sobre o tema no Hospital Villa-Lobos, em São Paulo. Informações: na Clínica (11) 3729-7388 / 2074 3248, www.dbsaudecirurgia.com.br ou dbsaude@dbsaudecirurgia.com.br e no Centro de Estudos do Hospital Villa-Lobos (11) 2076.7000 ou www.hospitalvillalobos.com.br